segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fazendeiro tentou contratar um comparsa

O assassinato do médico Fábio Henrique de Oliveira foi premeditado pelo fazendeiro Flávio Parente Macedo, que desde o início da manhã enfrenta o Tribunal do Júri do Fórum do Paranoá. Depois dos depoimentos da enfermeira Rosineide Martins da Silva e da sua filha, a adolescente que foi obrigada a fazer sexo oral pelo acusado, haverá o depoimento de Francisco Joaquim. O fazendeiro tentou contratá-lo por R$ 5 mil para ocultar o corpo do médico, morto na noite de 27 de agosto de 2006, na casa da enfermeira, situada no condomínio Ville de Montagne. Para a acusação, Francisco Joaquim revelou que dias antes do ocorrido, foi procurado pelo fazendeiro e convidado a participar do crime, mas recusou a proposta. Disse ainda que tentou avisar a enfermeira o que estava sendo tramado contra ela e seu namorado, mas não conseguiu, porque o casal estava fora de Brasília.
Primeira testemunha
Por volta de 11h, ocorre um breve intervalo no julgamento do fazendeiro. A primeira a depor foi a enfermeira Rosineide Martins da Silva, que por nove anos foi casada com o fazendeiro. Ela diz que o casamento foi um fracasso, devido ao temperamento violento do ex-marido. Depois do divórcio, o fazendeiro não parou de persegui-la. Desde 2001, por diversas vezes, deu queixa à polícia sobre o comportamento e as ameaças do ex-marido. A Justiça determinou ao fazendeiro que se afastasse da ex-mulher. Mas Flávio Macedo ignorou a determinação judicial.
Quando o médico Fábio Henrique se aproximou, Rosineide diz que evitou o relacionamento. Mas o médico insistiu e a convenceu de enfrentarem a situação juntos. Duas semanas antes da tragédia, quando o namoro estava prestes a completar dois meses, ela revelou às colegas de trabalho que estava se relacionamento com Fábio Henrique.
A enfermeira foi minuciosa ao detalhar o requinte de crueldade do fazendeiro no assassinato do médico Fábio Henrique. Logo que acabou o depoimento, Rosineide teve uma forte crise nervosa e não conseguia controlar o choro.

Abuso sexual
A segunda testemunha a depor foi a adolescente, filha de Rosineide, que presenciou toda a barbaridade ocorrida na casa de sua mãe na noite de 27 de agosto de 2006. Segundo ela, depois de matar o médico e espancar sua mãe, que recebeu, ao menos, duas pauladas no rosto, o fazendeiro ficou irritado porque a jovem se colocava entre ele a enfermeira, com o intuito de proteger a mãe das agressões.

Estupro
Para se livrar da interferência da adolescente, Flávio prendeu a menina em outro quarto da casa. A jovem conseguiu se desvencilhar e implorou ao fazendeiro que não fizesse nada contra sua mãe e que descontasse sua ira contra ela. Diante do apelo, o fazendeiro, rasgou a roupa da jovem, a obrigou fazer sexo oral.
O acusado obrigou ainda mãe e filha limparem a cena do crime, depois que havia colocado o corpo do médico dentro do porta-malas do carro da enfermeira. Ele pretendia seguir para Valparaíso de Goiás, levando Rosineide e sua filha. O corpo do médico seria desovado em algum lugar.

Ataque simulado
Para se livrar do assassino, Rosineide alegou que precisava de atendimento médico, porque estava com hemorragia interna. O fazendeiro não deu atenção. Assim, a enfermeira simulou um ataque epilético e dessa forma convenceu Flávio a levá-la a um pronto-socorro. Já no Hospital Santa Lúcia, Rosineide e sua filha conseguiram escapar das mãos do fazendeiro e obter a ajuda do pai da menina.

Defesa
A defesa quer evitar que o fazendeiro seja condenado à pena máxima pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, lesão corporal grave, atentado violento ao pudor e tentativa de ocultação de cadáver. Para isso, tentará desqualificar a enfermeira Rosineide Martins da Silva. Vai acusá-la de tentar se relacionar com homens — o fazendeiro e o médico — que tinham uma boa vida financeira. Alegará ainda que o fazendeiro matou Fábio Henrique em legítima defesa.

As informações, diretamente do Tribunal do Júri do Paranoá, estão sendo repassadas ao blog do Pro-Vitima pelo estudante de jornalismo Vinícius Borba, estagiário na Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência.

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