quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Assassino de médico vai a júri popular no Fórum do Paranoá


O fazendeiro Flávio Parente Macedo sentará no banco dos réus do Tribunal do Júri, no Fórum do Paranoá, dia 23 próximo, pelo assassinato do médico Fábio Henrique de Oliveira (foto), à época com 41 anos. O crime ocorreu em 27 de agosto de 2006, no condomínio Ville de Montagne, no Paranoá. O médico não teve a mínima chance de defesa. Depois de levar golpes de cassetete na cabeça, Fábio Henrique recebeu dois tiros no peito, quando já não tinha condições de reagir. A vítima e sua namorada, a enfermeira Rosineide Martins da Silva, retornavam de uma viagem a Belo Horizonte, onde faziam um curso de especialização em dermatologia. Ambos foram surpreendidos pelo fazendeiro, que estava escondido dentro da residência à espera do casal. Não houve tempo para muita discussão. Fábio foi agredido e, em seguida, alvejado.
Além de executar o médico, o fazendeiro Flávio Macedo espancou a enfermeira Rosineide da Silva e abusou sexualmente da sua filha, uma adolescente de 15 anos. Flávio foi casado, por nove anos com a enfermeira, e há cinco estavam divorciados.
Depois do crime, o fazendeiro colocou a enfermeira e a adolescente no carro e seguiu em direção a Valparaíso de Goiás. No caminho, a ex-mulher insistiu que precisava de atendimento médico, porque sentia muitas dores. Flávio Macedo parou, por volta das 3h, na emergência do Hospital Santa Lúcia, no fim da Asa Sul. Enquanto a enfermeira era atendida, Flávio ameaçou a adolescente. Mataria sua mãe caso contasse a alguém o que havia ocorrido. No hospital, a enfermeira contou ao médico o que tinha ocorrido. O medico pediu a confirmação da adolescente, que negou a versão da mãe. À saída da clínica, por volta das 6h30, Rosineide aproveitou do fato do fazendeiro estar dormindo no banco de espera, foi ao banheiro com a filha, de onde ligou para pai da jovem, o policial civil Wellington Luiz de Souza. Mas quando o policial chegou ao hospital, o fazendeiro Flávio Macedo havia fugido
Por mais de dois meses, Flávio Macedo ficou longe do alcance da polícia no interior de Goiás. Mas acabou se entregando. Em janeiro de 2007, o Ministério Público denunciou o fazendeiro à Justiça pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, lesão corporal grave, atentado violento ao pudor e tentativa de ocultação de cadáver. Em julho do mesmo ano, a 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, por unanimidade, decidiu que o fazendeiro deveria ser julgado pelo Tribunal do Júri.

À espera de justiça
A mãe do médico Zilda Lara de Oliveira buscou orientação na Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência (Pró-Vitima). Ela levará para o tribunal um conjunto de depoimentos sobre a vida de seu filho, que atuava em comunidades carentes do Distrito Federal e no município de Santo Antônio do Descoberto, onde participava do projeto Conte Comigo.
"Ele era uma pessoa dedicada, sempre pronta para ajudar a quem precisasse, principalmente os idosos", lembra Zilda, confiante na condenação do assassino do seu filho.
Ela reconhece que a punição do fazendeiro não trará seu filho de volta, mas acredita que a Justiça deve ser implacável para inibir a violência. Para o julgamento, são esperadas dezenas de pessoas, boa parte delas ex-pacientes do médico Fábio de Oliveira. Nos depoimentos gravados por Zilda, homens e mulheres falam emocionados sobre a atuação do jovem médico, compromissado com os menos favorecidos.
"Quando um paciente precisava de internação, meu filho carregava no próprio carro e batia de porta em porta dos hospitais até conseguir o atendimento necessário", recorda, com orgulho, Zilda de Oliveira.
Além da perda violenta do filho, Zilda chora também a morte do marido. Segundo ela, desde o assassinato de Fábio, o marido não conseguiu superar o sofrimento. "Ele já não tinha a saúde muito boa e depois do assassinato do Fábio, meu marido foi definhando e, há quatro meses, morreu", conta.

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