sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Júri dá liberdade ao contador que matou Pedro Davison

O Júri Popular de Brasília condenou o contador Leonardo da Costa a seis anos de prisão, em regime semiaberto, pela morte do ciclista Pedro Davison, ocorrida em agosto de 2006, na via Presidencial do Eixão, na altura da 114 Sul. Apesar de ter admitido que dirigia sob efeito de álcool, em via proibida ao tráfego de veículos, o contador poderá recorrer da decisão em liberdade.
O anúncio da decisão contaminou a sala do Tribunal do Júri de Brasília de um sentimento de desolação e desencanto. "Ao Pedrinho foi negada a Justiça. Mataram ele mais uma vez", disse uma senhora que pediu para não ter o seu nome revelado.
Os presentes ao julgamento reagiram. Pais e irmãos de Pedro Davison deixaram o tribunal em silêncio. Não havia o que comentar.
A decisão dos jurados seguiu na contramão do que havia prometido o promotor José Pimentel Neto, durante o intervalo ocorrido no meio da tarde: "Este é um julgamento que vai entrar para a história, pois diremos à sociedade que não toleraremos mais condutas como estas nas nossas ruas".
José Pimentel avisou que irá recorrer da decisão, que avaliou inadequada para o crime praticado pelo contador Leonardo da Costa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Contador admite que dirigia sob efeito de álcool

Por falta de consistência, foram dispensados os depoimentos das testemunhas de defesa do contador Leonardo da Costa, acusado de homicídio doloso pelo atropelamento e morte do ciclista Pedro Davison, em agosto de 2006, na faixa central do Eixão, na altura da 114 Sul.

Às 12h25, o juiz João Egmont e os sete jurados começaram a ouvir o depoimento do réu Leonardo da Costa, 33 anos, separado da mulher, há quatro anos, e pai de um adolescente de 12 anos. Ele relatou que, no sábado da tragédia, acompanhado de Carlos Daniel, funcionário da empresa da família, por volta das 16h foi a casa de um tio que não estaria em casa, no Park Way. Saiu de lá e seguiu em direção a casa de outro amigo na Asa Norte. Admitiu que no caminho parou num posto de gasolina para abastecer o carro e bebeu cerveja com o funcionário Carlos. Segundo ele, ambos beberam apenas uma lata. No trajeto, como havia um carro fechando a passagem na via da esquerda, ele invadiu a faixa presidencial para fazer a ultrapassagem. Leonardo disse que sentiu um forte impacto no carro e tentou manter a versão que teria batido apenas com a lateral do carro no ciclista. Essa tentativa foi desmentida por ele mesmo, ao reconhecer que o vidro frontal do carro ficou totalmente estilhaçado. Mas ele não parou o carro e seguiu adiante. O contador argumentou que não supôs que teria atingido uma pessoa e disse ainda não lembrar que segundos antes de atingir Pedro Davison, por pouco, não atropelou o porteiro José Newton, outra testemunha do caso que depôs confirmado ter quase perdido a vida naquela noite.

“Se eu pudesse ter ficado em casa quatro anos atrás o teria feito. Não fiz de propósito”, disse o contador, referindo-se ao atropelamento de Pedro Davison. Leonardo afirmou ainda que é pai e também sofre pelo ocorrido.

Logo depois de encerrado do depoimento do réu, foi exibido um vídeo produzido pela família sobre a vida de Pedro Davison. A emoção invadiu a sala do Tribunal do Júri de Brasília. A mãe do ciclista, a economista Elizabeth Davison (foto), diante das imagens do filho,  não conteve as lágrimas.

Testemunhas contradizem tese da defesa de motorista que matou Pedro Davison

Duas testemunhas foram ouvidas no julgamento pelo Tribunal do Júri de Brasília do contador Leonardo da Costa, acusado de homicídio doloso pelo atropelamento e morte do ciclista Pedro Davison, em 19 de agosto de 2006, na faixa central do Eixão, na altura da 114 Sul. O primeiro a depor foi o economista Pérsio Davison, pai da vítima. Emocionado, ele relatou que encontrou o corpo do filho destroçado no asfalto e fechou os olhos de Davison. “Como pai também sou vítima desta violência que arrebatou a vida de meu filho aos 25 anos. Levanto todos os dias e vejo a tristeza nos olhos da minha família. Não gostaria de ver a segunda morte do meu filho, que é a impunidade”, disse Pérsio Davison. Segundo ele, o laudo pericial mostrou que Pedro Davison usava todos os equipamentos necessários, como capacete e roupa com adereços fluorescentes necessários para andar de bicicleta à noite e ser visto a distância por condutores de outros veículos.
O depoimento do porteiro José Newton dos Santos — o segundo a depor — não deixou dúvidas de que o contador Leonardo da Costa dirigia em alta velocidade na faixa presidencial do Eixão, proibida ao tráfego de veículos. Por pouco ele também não foi mais uma vítima do motorista. “A minha vida foi salva por um fio, não tenho dúvida”, disse. Segundo ele, quando atravessava a faixa, conseguiu desviar do carro para, segundo depois, ouvir um barulho. José contou que seguiu em frente e na parada da ônibus viu a aglomeração de pessoas e retornou à faixa central, onde viu o corpo do ciclista morto estendido no chão. José Newton reafirmou que o contador estava trafegando na faixa central, o que contradiz a afirmação do advogado de defesa

Trânsito mata 1.500 ciclistas por ano no país

Vinicius Borba
Estagiário de Jornalismo com redação

Estudo da organização não governamental Rodas da Paz revela que, por ano, em média, 1.500 ciclistas são mortos no país, vítimas da violência no trânsito. Para o promotor José Pimentel Neto, é muito importante que o contador Leonardo da Costa, autor do atropelamento e morte do ciclista Pedro Davison, receba uma condenação exemplar, para mostrar ao país o peso desse tipo de crime.
A defesa do contador trabalha qualificar o crime como homicídio culposo (sem intenção de matar), o que abrandaria a punição do seu cliente. Se prevalecer essa tese, a vida perdida do ciclista Pedro Davison valerá apenas algumas cestas básicas. Mas se condenado por homicídio doloso, Leonardo da Costa poderá cumprir pena de 6 a 20 anos de reclusão.

Caso Pedro Davison: começa o julgamento


Vinicius Borba
Estagiário de Jornalismo com redação

Começou, às 9h40, no Tribunal do Júri de Brasília, o julgamento do contador Leonardo Luiz da Costa, acusado de homicídio doloso e omissão de socorro. Na noite de 19 de agosto de 2006, ele atropelou e matou o biólogo e ciclista Pedro Davison (foto), na faixa central do Eixão, via proibida ao tráfego de veículos, na altura da114 Sul. O contador fugiu do local e foi detido em seguida por uma blitz policial. Ele estava embriagado e com a carteira e habilitação vencida.
Antes do início do julgamento, familiares e amigos de Pedro Davison fizeram uma manifestação diante do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Exigiram justiça para o ciclista morto a quatro dias de ser diplomado pela Universidade de Brasília e no dia em que sua filha fazia aniversário.
O Júri Popular está sendo presidido pelo juiz João Egmont Leôncio Lopes. A acusação será feita pelo promotor José Pimentel Neto, que conta com a assistência dos advogados Carlos Eduardo Carvalho Lima e Fabrício Aquino. O advogado de defesa Wagner Pereira da Silva rejeitou a presença de mulheres na composição do júri. Ele alega que o seu cliente não invadiu a faixa presidencial para trafegar, mas fez apenas um pequeno desvio. Em contrapartida, testemunhas asseguram que o contador Leonardo da Costa trafegou por um longo trecho na via central, ultrapassando os veículos que estavam na pista da esquerda. O laudo da perícia revela que o contador estava a pelo menos a 90Km/hora quando atingiu Pedro Davison, arremessando o corpo do ciclista a 64 metros de distância. Chamou a atenção da pericia o fato de não haver marcas de freagem no asfalto.
A defesa também contesta a versão do policial que deteve Leonardo da Costa. De acordo com o soldado da PM, o contador manifestava sinais evidentes de embriaguês. O exame visual dos peritos da Polícia Civil confirma o testemunho do policial, apesar de não realizado exame de sangue ou submetido o acusado ao teste do bafômetro.
Serão ouvidas cinco testemunhas de acusação e igual número de defesa. Às10h20, o juiz JoãoEgmont suspendeu a sessão para permitir aos jurados a leitura do processo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Justiça para Pedro Davison


Justiça! Justiça! Justiça para Pedro Davison! Em meio a palavras de ordem e apelos pelo fim da impunidade dos que matam no trânsito, dezenas de pessoas, entre elas familiares e amigos, atraíram, na manhã de domingo, a atenção dos frequentadores do Parque da Cidade para o julgamento do contador Leonardo Luiz da Costa, acusado de homicídio doloso, pelo atropelamento e morte do ciclista e biólogo Pedro Davison (foto), na noite de 19 de agosto de 2006. A tragédia ocorreu na faixa central do Eixão (proibida ao tráfego de veículos), na altura da 114 Sul. O contador não socorreu a vítima e foi detido em uma blitz policial. De acordo com o boletim de ocorrência, Leonardo da Costa havia consumido bebida alcoólica e dirigia com a habilitação vencida. Levado à delegacia, foi liberado depois de pagar fiança de R$ 2 mil. Para a subscretária de Proteção às Vítimas de Violência, Valéria de Velasco, ao dirigir embriagado, em alta velocidade e trafegar em espaço proibido, motorista tinha consciência do risco de matar. Assim, a morte de Pedro Davison não foi resultado de um acidente de trânsito.

O julgamento ocorrerá quinta-feira, a partir das 9h, no Tribunal de Justiça do DF. "O que eu quero é justiça e a condenação do réu pelo crime, que não foi uma fatalidade. Não podemos aceitar que essas pessoas permaneçam sem punição”, disse o pai de Pedro, o economista Pérsio Davison, 62 anos.
Ele fez um apelo para que os ciclistas, amigos, familiares de vítimas de violência e e todas as pessoas contrárias à impunidade participem, quinta-feira próxima, às 7h, do ato público diante do Tribunal de Justiça do DF. O intuito é sensibilizar o juiz e os jurados para que deem mais um exemplo à cidade e ao país de que a violência no trânsito é crime, principalmente quando resulta em morte.
Pérsio lembrou que seu filho, Pedro Davison, era recém-formado em biologia, ciclista e ativista das questões ambientais. "Para o júri popular é importante a presença do máximo de ciclistas possíveis, mostrando, com clareza, a necessidade de serem respeitados no trânsito", disse Pérsio.

Pedro Gonçalves
Entre os participantes da manifestação, Franklin Corrêa, pai do adolescente Pedro Gonçalves, 16 anos, morto quando atravessava a W3 Sul, na altura da 512 Sul, rumo ao Colégio Setor Oeste. Pedro foi atropelado pelo universitário Bruno Moraes Dantas, 21 anos, que ignorou o sinal vermelho e seguiu adiante, deixando morto o adolescente. Pouco mais de duas horas depois, o universitário, que dirigia embrigado, foi localizado pela polícia domingo em casa. Quarta-feira (10/2) o Tribunal de Justiça do DF realiza a primeira audiência sobre o caso. Testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas. Caberá ao juiz decidir se Bruno Dantas, com passagem pela polícia, enfrentará o Júri Popular por homicídio doloso, como sugere o inquérito policial.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Corpo de Ernesto Silva será cremado em Valparaíso

Hoje, no início da tarde, será cremado, em Valparaíso, o corpo do pediatra e pioneiro Ernesto Silva (foto), que dedicou seus últimos 55 anos de existência à defesa de Brasília. Ele morreu quarta-feira, aos 95 anos, depois de lutar bravamente pela vida.

Ernesto Silva foi o primeiro presidente da Novacap e desembarcou em Brasilia em 1955 e ao lado de outros bravos pioneiros trabalhou incansavelmente na construção da nova capital. Em homenagem ao pioneiro, o Governo do Distrito Federal decretou três dias de luto.
O corpo do doutor Ernesto será levado do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília, por volta de 12h, rumo ao vizinho município goiano.

LUZIÂNIA: Mães pedem intervenção federal para achar os filhos


Por Nayara Sousa
Estagiária de Jornalismo/Pró-Vítima

Familiares (foto) de sete jovens desaparecidos em Luziânia,distante 56km do centro de Brasília, protestaram por justiça, na manhã de hoje, na Esplanada dos Ministérios. Após a manifestação os familiares se reuniram no Ministério da Justiça onde exigiram dos órgãos competentes mais rapidez na apuração e elucidação dos casos. Os familiares foram recebidos ainda pela presidência do Congresso Nacional. Eles reivindicação intervenção federal para descobrir o paradeiro dos adolescentes. Até ontem, as autoridades contabilizavam seis desaparecimentos. Mas na manhã de hoje, a Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência foi informada do sumiço da adolescente Alessandra Alves, desde 21 de dezembro. O pai, Alexandre Rodrigues, pediu ajuda para localizar a jovem, que desapareceu em condições semelhantes a dos outros adolescentes.
Em comum, os desaparecidos têm o fato de viverem em uma dos bairros mais pobres de Luziânia — Parque Estrela Dalva —, não terem passagem pela polícia e não se conhecerem. Até a manhã de hoje apenas adolescentes do sexo masculino eram dados como desaparecidos. Hoje, surgiu o nome da primeira jovem sumida no entre dezembro do ano passado e os primeiros 15 dias de janeiro.
Quase 40 dias depois do primeiro sumiço do adolescente Diego Rodrigues, 13 anos, em Luziânia, a 1ª Delegacia de Polícia do município, não conseguiu dar uma resposta às mães. Mistério, desespero e pânico dominam o clima na cidade, sem contar com a revolta dos familiares. Entre 30 de dezembro e os primeiros 15 dias de janeiro, seis jovens desapareceram. As mães cobram informações sobre rumo das investigações, sem que consigam qualquer resposta.
Ontem, quarta-feira (3/2), integrantes da CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes da Câmara Federal e uma equipe da Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência (Pró-Vítima), além de outras autoridades, participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal de Luziânia com as mães dos jovens desaparecidos.

ILUSÃO

Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determine que a notificação do desparecimento deva ocorrer no mesmo dia, Aldenira Alves, mãe do primeiro menino desparecido, só conseguiu registrar ocorrência 24 horas depois. O delegado Rosivaldo Linhares Rosa, que conduz as investigações, qualificou de “ilusão” a orientação do ECA. “Todo policial civil sabe que isso não existe”, afirmou. Disse ainda que não houve irregularidade no boletim de ocorrência.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) propôs que a Polícia Federal seja acionada para ajudar nas investigações, diante da falta de resultados da Polícia Civil de Goiás. A sugestão foi rejeitada pelo delegado regional da Polícia Civil (5ª DRP), José Luiz de Araújo. O policial garantiu que a corporação goiana tem condições de cuidar sozinha do caso, apesar de ter admitido que somente instaurou o inquérito 15 dias depois das primeiras denúncias, quando três jovens haviam desaparecido. “Foi aí que começamos a perceber que havia alguma coisa errada”, completou o delegado José Luiz.
Segundo Sônia Vieira, mãe de um dos jovens desaparecidos as famílias só souberam dos demais desaparecimentos na cidade após divulgação do rádio local, o que permitiu que as mães se conhecessem. Para o delegado, José Luiz de Araújo, “não há nenhum indício de ligação entre os casos e por isso, a Polícia trabalha individualmente em cada um deles”.
Mas quando indagado sobre esta afirmação, o delegado informa que Luziânia tem duas delegacias e que as investigações estão na jurisdição da 1ª DP, composta por 10 policiais.
O delegado José Luiz disse ainda que, no começo, três policiais e um escrivão investigavam o caso e se negou a dizer quantos policiais atualmente estão envolvidos nas investigações. Segundo ele, o número aumentou devido ao apoio dado pela Secretaria de Justiça do Estado de Goiás.
No encontro, evitou responder a algumas perguntas dos parlamentares em público, sob o argumento de que poderiam comprometer as investigações. Assim, deputados e delegados tiveram um encontro reservado.

OS DESAPARECIDOS:

-Diego Alves Rodrigues, 13 anos
- Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16 anos
- George Rabelo dos Santos, 17 anos
- Flávio Augusto Fernandes dos Santos, 14anos
- Divino Luiz Lopes da Silva, 16
- Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos
- Alessandra Alves