quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ação Integrada de Solidariedade: Pedro Davison


Por Nayara Sousa

A homenagem prestada aos três anos da morte do biólogo e ciclista, Pedro Davison (foto), contou com a participação de várias famílias que também sofreram com a violência. Dividida em duas partes, a homenagem foi intitulada “Ação Integrada de Solidariedade (AIS) Pedro Davison. A primeira parte foi dedicada à palestras, em que a mãe da vítima, Beth Davison, iniciou as ações contando,resumidamente, a história do filho. Na quarta-feira última, viu-se, na prática, o luto ser transformado em esforço e em luta por uma sociedade sem violência.

Segundo ela, a família prefere lembrar da morte de Pedro com ações positivas para ajudar outras famílias. “No primeiro e segundo ano do aniversário da morte do Pedro, nós levamos crianças de creches para o Jardim Botânico, onde fizemos debates sobre o trânsito e a preservação do meio ambiente. Acredito que essa é a melhor forma de lembrar dele”.

No terceiro ano, a família decidiu inovar e, com o apoio da psicóloga Marli Gargavero e sua filha, a professora, Cláudia Garavelo, organizou a AIS.Durante a palestra, Marli e Cláudia se dispuseram a participar voluntariamente de outras ações com o Pró-Vítima. Para Cláudia Garavelo, “é muito importante que, além da assistência às famílias, haja também uma mobilização das pessoas que não são vítimas de violência”. Durante a homenagem, esse foi um fator considerado importante para que a luta das famílias vitimadas recebam apoio de toda a sociedade.

A subsecretária de Proteção as Vítimas de Violência, Valéria de Velasco, explicou que a função do Pró-Vítima e os seus principais objetivos. Na segunda parte do encontro, as famílias das vítimas e os representantes do Pró-Vítima discutiram propostas para apoiar e aumentar a mobilização das famílias vitimadas.

Propostas construídas no debate
:
— Mobilizar as escolas e promover, assim, uma ação preventiva com os jovens e principalmente com as pessoas que ainda não são vítimas da violência. Essa ação deve ser feita por meio de palestras e seminários que proponham a conscientização e a educação. Caso haja dificuldade para mobilizar as escolas públicas, deve-se investir nas escolas privadas, pois elas têm acesso mais fácil e menos burocrático.
— Montar um grupo formado pelas famílias das vítimas, em parceria com a parceria do Pró-Vítima. O grupo será responsável por acompanhar o andamento de cada processo. Exemplo: Haverá uma audiência em Brazlândia, todas as outras famílias de vítimas devem se deslocar até lá para acompanhar a audiência. Isso também servirá para mobilizar a imprensa que deve ser convocada a comparecer no local.
— O grupo de familiares de vítimas deve fazer reuniões periódicas para a formulação de Ações Integradas de Solidariedade. Essas ações devem ser itinerantes, ou seja, em cidades diferentes. E também receberá os nomes das vítimas. A escolha do nome será uma forma de homenagear a vítima que morava na respectiva cidade.
— Montar ações esportivas para homenagear a vítima que praticava o esporte e também para conscientizar outras pessoas. Ex.: Organizar uma corrida ciclística em homenagem ao Pedro Davison.
— Para facilitar a comunicação das vítimas deve-se organizar um banco de dados, blog/site e todos os meios possíveis para aumentar a comunicação entre as famílias, sobre o andamento dos processos, as ações do Pró-Vítima e das famílias.
— Criar um espaço no blog do Pró-Vítima exclusivamente para as famílias das vítimas de trânsito.
— Montar uma agenda com datas especiais. Essas datas devem ser significativas para cada família. Exemplo: Aniversário e o dia do falecimento. Nessas datas devem ser organizadas as Ações Integradas de Solidariedade.
— Em cada ação, é importante convencer as famílias das vítimas a participarem. E também a sociedade civil, numa política de prevenção.
— Formar grupos de psicoterapia para ajudar as famílias a superar a perda.
— Criar uma cartilha que destaque os pontos associados ao sentimento de injustiça sentido pelas famílias: 1°) Considerar e valorizar o direito a vida: Para isso, deve-se tratar o criminoso como tal, ou seja, tratar o réu como assassino e não como suspeito, fato presente na maioria dos casos mesmo quando o réu confessou o crime. 2°) Não aceitar as condenações: O assassino não pode ter penas leves ou o direito a sela especial, pois este fato tem contribuído para a impunidade.

Um comentário :

  1. Que exemplo maravilhoso é dado pelos familiares de Pedro Davison. É isso mesmo que deve ser feito, pois esse jovem dedicou o pouco tempo que teve ao estudo da vida de forma positiva, para preserva-la.
    Peço a Deus que continuem com esse projeto tão importante de conscientização. E que a nossa sociedade desperte para que casos como estes não caiam no esquecimento.

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