quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

LUZIÂNIA: Mães pedem intervenção federal para achar os filhos


Por Nayara Sousa
Estagiária de Jornalismo/Pró-Vítima

Familiares (foto) de sete jovens desaparecidos em Luziânia,distante 56km do centro de Brasília, protestaram por justiça, na manhã de hoje, na Esplanada dos Ministérios. Após a manifestação os familiares se reuniram no Ministério da Justiça onde exigiram dos órgãos competentes mais rapidez na apuração e elucidação dos casos. Os familiares foram recebidos ainda pela presidência do Congresso Nacional. Eles reivindicação intervenção federal para descobrir o paradeiro dos adolescentes. Até ontem, as autoridades contabilizavam seis desaparecimentos. Mas na manhã de hoje, a Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência foi informada do sumiço da adolescente Alessandra Alves, desde 21 de dezembro. O pai, Alexandre Rodrigues, pediu ajuda para localizar a jovem, que desapareceu em condições semelhantes a dos outros adolescentes.
Em comum, os desaparecidos têm o fato de viverem em uma dos bairros mais pobres de Luziânia — Parque Estrela Dalva —, não terem passagem pela polícia e não se conhecerem. Até a manhã de hoje apenas adolescentes do sexo masculino eram dados como desaparecidos. Hoje, surgiu o nome da primeira jovem sumida no entre dezembro do ano passado e os primeiros 15 dias de janeiro.
Quase 40 dias depois do primeiro sumiço do adolescente Diego Rodrigues, 13 anos, em Luziânia, a 1ª Delegacia de Polícia do município, não conseguiu dar uma resposta às mães. Mistério, desespero e pânico dominam o clima na cidade, sem contar com a revolta dos familiares. Entre 30 de dezembro e os primeiros 15 dias de janeiro, seis jovens desapareceram. As mães cobram informações sobre rumo das investigações, sem que consigam qualquer resposta.
Ontem, quarta-feira (3/2), integrantes da CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes da Câmara Federal e uma equipe da Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência (Pró-Vítima), além de outras autoridades, participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal de Luziânia com as mães dos jovens desaparecidos.

ILUSÃO

Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determine que a notificação do desparecimento deva ocorrer no mesmo dia, Aldenira Alves, mãe do primeiro menino desparecido, só conseguiu registrar ocorrência 24 horas depois. O delegado Rosivaldo Linhares Rosa, que conduz as investigações, qualificou de “ilusão” a orientação do ECA. “Todo policial civil sabe que isso não existe”, afirmou. Disse ainda que não houve irregularidade no boletim de ocorrência.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) propôs que a Polícia Federal seja acionada para ajudar nas investigações, diante da falta de resultados da Polícia Civil de Goiás. A sugestão foi rejeitada pelo delegado regional da Polícia Civil (5ª DRP), José Luiz de Araújo. O policial garantiu que a corporação goiana tem condições de cuidar sozinha do caso, apesar de ter admitido que somente instaurou o inquérito 15 dias depois das primeiras denúncias, quando três jovens haviam desaparecido. “Foi aí que começamos a perceber que havia alguma coisa errada”, completou o delegado José Luiz.
Segundo Sônia Vieira, mãe de um dos jovens desaparecidos as famílias só souberam dos demais desaparecimentos na cidade após divulgação do rádio local, o que permitiu que as mães se conhecessem. Para o delegado, José Luiz de Araújo, “não há nenhum indício de ligação entre os casos e por isso, a Polícia trabalha individualmente em cada um deles”.
Mas quando indagado sobre esta afirmação, o delegado informa que Luziânia tem duas delegacias e que as investigações estão na jurisdição da 1ª DP, composta por 10 policiais.
O delegado José Luiz disse ainda que, no começo, três policiais e um escrivão investigavam o caso e se negou a dizer quantos policiais atualmente estão envolvidos nas investigações. Segundo ele, o número aumentou devido ao apoio dado pela Secretaria de Justiça do Estado de Goiás.
No encontro, evitou responder a algumas perguntas dos parlamentares em público, sob o argumento de que poderiam comprometer as investigações. Assim, deputados e delegados tiveram um encontro reservado.

OS DESAPARECIDOS:

-Diego Alves Rodrigues, 13 anos
- Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16 anos
- George Rabelo dos Santos, 17 anos
- Flávio Augusto Fernandes dos Santos, 14anos
- Divino Luiz Lopes da Silva, 16
- Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos
- Alessandra Alves

Nenhum comentário :

Postar um comentário